Samba: a batida que ressoa a cultura negra brasileira
Saiba como o ritmo mais popular do país ajudou na preservação da cultura afro-brasileira
Mais do que ser uma expressão artística, o samba ajuda a preservar e celebrar a cultura negra.
“- O que é um samba, Monarca?"
"- É um jeito de viver!”
Essa pergunta foi feita para o sambista Monarca e sua resposta resume o papel do samba na história brasileira. O gênero musical chegou ao país pelas vozes dos escravos que vieram da África. A diáspora dilacerou vários pontos: separou famílias, aniquilou identidades e também laços afetivos. Mas, através do samba, muitos conseguiam matar a saudade de casa e expressar sua saudade.
Além de ser uma expressão artística, o samba também está intrinsecamente ligado às manifestações religiosas de matriz africana, como o candomblé e a umbanda. Os terreiros de samba, espaços de culto e celebração, são locais onde a cultura negra é preservada e celebrada.
“Ele (samba) é um instrumento de luta e afirmação social”, conta Nilcemar Nogueira, fundadora do Museu do Samba, no Rio de Janeiro. Aliás, a cidade é considerada um dos berços do ritmo no Brasil, sabia? Ainda no século 19, rodas de samba começaram a surgir. Mas foi na década de 20, com o surgimento das escolas de samba, que o gênero se popularizou.
Para quem contempla a Sapucaí durante o Carnaval e assiste o que é considerado o maior espetáculo da terra, não consegue imaginar que tudo começou como um bloco de rua em uma praça no centro carioca. “Após a abolição da escravatura, pessoas se organizavam para ocupar seu espaço e garantir um lugar onde fossem aceitos. Assim, o movimento do samba unia esse grupo que começou a desfilar seus sambas na rua. Isso despertou a atenção de toda a cidade do Rio de Janeiro, que começou a querer assistir e participar da festa”.
Nilcemar também revela que as escolas de samba criam um lugar de convivência, afirmação de identidade e manutenção da cultura popular. E ela adverte: “Carnaval tem o samba, mas o samba não é só carnaval. O samba é uma grande selva que todas as linguagens estão presentes: música, dança, artes plásticas e muito mais”. Inclusive, a palavra samba era usada como sinônimo de festa. Pesquisadores afirmam que a palavra tem origem no termo africano “semba”, que era utilizado para designar um tipo de dança onde os dançarinos aproximam seus ventres fazendo uma “umbigada”.
Em 1916, o músico Ernesto Joaquim Maria dos Santos, conhecido como Donga, foi considerado o primeiro músico a registrar a letra e a canção de um samba. Mesmo assim, até meados da década de 30, os componentes estéticos e musicais do samba sofreram grandes transformações. Carmen Miranda despontava como um nome internacional e levava elementos brasileiros para suas apresentações. Sambistas como Noel Rosa torceram o nariz para a pequena notável. Em entrevista, ele ironizou: “Isto é samba ou aquela coisa que a Carmem Miranda canta?”.
Em 2007 o samba foi registrado como bem cultural de natureza imaterial e assim virou patrimônio imaterial da cultura brasileira. Grandes nomes como Cartola, Clara Nunes, Paulinho da Viola, Beth Carvalho e muitos outros contribuíram para a disseminação e valorização desse gênero musical, que se tornou um importante elemento da identidade nacional.
E conta hoje até com museu! Criado em 2001 pelos netos do sambista Cartola, o espaço nasceu com o nome Centro Cultural Cartola e desde 2007 é responsável pela salvaguarda das Matrizes do Samba do Rio de Janeiro, registradas como patrimônio imaterial pelo IPHAN. Seu acervo único conta com mais de 45 mil itens e é realizado diversas ações para difundir e promover o valor do samba.
Nós somos parceiros do Museu do Samba e buscamos através dessa parceria preservar um dos maiores símbolos da identidade brasileira. Conseguimos participar ativamente da produção de exposições, conservação de acervos e atividades educativas que ressaltam a riqueza cultural do samba.
Além disso, a parceria permite que seja desenvolvido projetos de inclusão social, levando a cultura do samba a comunidades carentes e abrindo espaço para a formação de novos talentos.
Afinal, já dizia a música: “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é!”.
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